A reserva cirúrgica é uma prática muito utilizada por anestesiologistas e cirurgiões para evitar problemas relacionados a disponibilidade de hemocomponentes para transfusão durante o procedimento cirúrgico eletivo.
Visa principalmente garantir o atendimento de solicitações de hemocomponentes porventura necessárias no intra-operatório ou pós-operatório imediato. Uma vez que o paciente será levado a uma perda sanguínea de maior ou menor importância, de acordo com o procedimento a que está sendo submetido e condições individuais que predisponham ao sangramento, é preciso ter uma estratégia eficaz que garanta o atendimento imediato diante da necessidade de reposição transfusional associada a procedimentos eletivos.
Ao mesmo tempo que traz segurança para o paciente e a equipe cirúrgica, se utilizada desnecessariamente, pode gerar desperdício de recursos materiais e humanos imobilização desnecessária do estoque de Concentrado de Hemácias.
O método Maximum Surgical Blood Ordering Schedule – MSBOS é uma importante ferramenta que permite a utilização racional da reserva cirúrgica em um hospital com grande movimento cirúrgico.
Quando mal utilizada, a reserva cirúrgica pode se transformar em problema. Não desperdice esforços e recursos.
As vantagens da implementação desse tipo de protocolo incluem:
► Redução da sobrecarga de trabalho da Agência Transfusional, permitindo maior agilidade no atendimento de emergências e na solução de problemas imuno‑hematológicos;
► Melhor comunicação entre o Centro Cirúrgico e a Agência Transfusional, com redução do estresse do pessoal envolvido no atendimento aos pacientes cirúrgicos;
► Maior eficiência e a maior eficácia no gerenciamento do estoque intra‑hospitalar de hemocomponentes;
► Redução da perda de hemocomponentes por validade ou por falhas no transporte e no armazenamento, acarretadas pelo envio desnecessário de CH para o centro cirúrgico, resultando na devolução de bolsas e seu consequente descarte; e
► Fortalecimento e disseminação dos conceitos relacionados ao uso racional do sangue e componentes em todo o ambiente hospitalar.
Seus principais objetivos são:
► Diminuir o desperdício de trabalho e recursos ao evitar solicitação de reserva e realização desnecessária de provas pré-transfusionais.
► Garantir reserva de Concentrado de Hemácias para os pacientes em procedimentos eletivos com maior risco de perda de grandes volumes de sangue.
► Evitar indisponibilidade desnecessária de unidades de Concentrado de Hemácias para pacientes não cirúrgicos.
►Identificar previamente problemas imunohematológicos em pacientes cirúrgicos que serão submetidos a cirurgias com sangramento acima de 500 ml e maior risco de necessidade transfusional, mesmo que moderado.
► Evitar a realização de cirurgias eletivas sem lastro transfusional para o paciente durante procedimentos eletivos.
A conduta pré-operatória do serviço transfusional é definida a partir do histórico de transfusão de pelo menos 6 meses para cada tipo de procedimento cirúrgico eletivo realizado no hospital. O protocolo MSBOS é individualizado e personalizado para cada instituição, já que o perfil de sangramento e de necessidade de transfusão no intra e pós-operatório imediatos estão relacionados com a equipe cirúrgica e anestésica e protocolos institucionais voltados para a redução de sangramento intra-operatório (utilização de drogas e outras medidas que reduzem o sangramento durante a cirurgia). Dessa forma, o Comitê Transfusional deve validar o protocolo do hospital, em conjunto com as equipes cirúrgicas e anestésicas e revisá-lo periodicamente.
Abaixo estão descritas as condutas baseadas no risco de sangramento:
Grupo 1 – Nenhuma ação: cirurgias com sangramento inferior a 500 ml ou histórico institucional de transfusão em menos de 1% dos procedimentos.
Grupo 2 – Coleta, Tipagem e Pesquisa de anticorpos irregulares: Cirurgias com potencial de sangramento entre 500 e 1.000 ml ou histórico institucional de transfusão entre 1 e 10%.
Grupo 3 – Coleta, Tipagem e Pesquisa de anticorpos irregulares e reserva de Concentrado de Hemácias: Cirurgias com potencial de sangramento acima de 1.000 ml ou histórico institucional de transfusão acima de 10% dos procedimentos.
O conteúdo deste site corresponde ao Manual de Uso Racional de Sangue
DIRT GER 03
Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará – HEMOCE
2ª Revisão (08/04/2022).
Elaborado por: Luciana Carlos Revisado por: Luany Mesquita Aprovado por: Denise Brunetta
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